Crédito imobiliário atinge recorde de R$ 312,4 bi em 2024, aponta Abecip

Crédito imobiliário atinge recorde de R$ 312,4 bi em 2024, aponta Abecip out, 12 2025

Quando Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) revelou os números na coletiva de imprensa de 29 de janeiro de 2025, ficou claro que o crédito imobiliário brasileiro viveu um ano histórico. Em 2024, o volume total de financiamentos realizados por meio da caderneta de poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) chegou a R$ 312,4 bilhões, 24,7 % acima do ano anterior.

  • Financiamentos: R$ 312,4 bi (recorde histórico)
  • Unidades habitacionais concedidas: 1,173 mil
  • SBPE aportou R$ 186,7 bi (+22,3 % YoY)
  • FGTS financiou R$ 125,7 bi (+29 % YoY)
  • Selic subiu de 12,25 % para 13,25 % ao ano em 2024

Contexto histórico e fundamentos do crescimento

O mercado imobiliário tinha atravessado um período de austeridade após a crise sanitária de 2020‑2021. Contudo, a retomada da atividade econômica em 2023‑2024 trouxe mais empregos formais e um aumento da renda real dos consumidores. Segundo dados do Brasil, a taxa de ocupação formal subiu 1,8 ponto percentual no último ano, impulsionando a capacidade de pagamento das famílias.

Além disso, o Programa Minha Casa, Minha Vida registrou seu melhor desempenho, absorvendo grande parte dos recursos do FGTS. O programa, que tem foco em famílias de baixa renda, recebeu R$ 38,2 bilhões em subsídios, o que ajudou a elevar a demanda por imóveis de até R$ 200 mil.

Dados de 2024: números que surpreenderam até os analistas

O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) foi responsável por R$ 186,7 bilhões em crédito habitacional, representando 59,7 % do total. Esse volume marcou a segunda maior cifra da série histórica do SBPE, com crescimento de 22,3 % em relação a 2023.

Por outro lado, o FGTS financiou R$ 125,7 bilhões, salto de 29 % ao ano. A combinação desses recursos permitiu que 1.173.000 unidades fossem adquiridas, 18,3 % mais que em 2023. Os imóveis usados tiveram destaque, respondendo por 34 % dos contratos do SBPE – um aumento de 5 pontos percentuais em relação ao período anterior.

Vale notar que a captação líquida do SBPE melhorou de -R$ 72,4 bilhões em 2023 para -R$ 21,7 bilhões em 2024, reflexo da elevação da taxa Selic que tornou a poupança mais atrativa para investidores. O saldo da caderneta de poupança fechou o ano em R$ 733,5 bilhões, +3,5 % YoY.

Reações e comentários de lideranças do setor

"Foi o melhor ano da nossa história, refletindo uma resiliência notável", afirmou Sandro Gamba durante a coletiva. "O mercado estava saudável, com lançamentos e vendas em alta, e o Programa Minha Casa, Minha Vida desempenhou um papel crucial".

Mariana Duarte, analista sênior do Banco Central do Brasil, apontou que "o aumento da Selic, embora tenha fortalecido a poupança, eleva o custo do crédito e pode frear a demanda nos próximos trimestres". Ela destacou ainda que o cenário de 2025 será mais delicado, sobretudo para o SBPE.

Representantes de grandes construtoras, como Cyrela Brazil Realty, celebraram o volume recorde, mas avisaram que a desaceleração da taxa Selic poderia reduzir a taxa de absorção de novos lançamentos nos próximos meses.

Projeções para 2025: cenário de retração

A Abecip prevê uma queda entre 15 % e 20 % nos financiamentos originados pelo SBPE em 2025, o que levaria o volume total a cerca de R$ 155 bilhões. Os principais fatores apontados são a alta da taxa Selic (agora em 13,25 % ao ano) e a consequente elevação do custo dos juros para o consumidor.

Já o FGTS tem projeções mais otimistas: a expectativa é de crescimento de 1 % – ou seja, R$ 126,8 bilhões – graças ao orçamento aprovado para o fundo, que reserva recursos maiores para habitação popular.

Essas divergências mostram como diferentes fontes de recursos respondem de maneira distinta aos choques macroeconômicos. Enquanto o SBPE depende da atratividade da poupança frente à Selic, o FGTS tem receita fixa e, portanto, maior estabilidade.

Impactos no mercado imobiliário e na sociedade

Impactos no mercado imobiliário e na sociedade

O recorde de 2024 não só elevou o número de famílias proprietárias, mas também impulsionou a cadeia produtiva: demanda por materiais de construção, serviços de arquitetura e financiamento de obras subiu em torno de 12 % nos últimos 12 meses.

Para os compradores de primeira casa, o aumento da renda real – que cresceu 4,2 % em termos reais segundo o IBGE – foi decisivo. No entanto, a elevação da Selic pode reduzir o poder de compra de quem ainda depende de financiamento bancário, especialmente nas faixas de renda média e alta.

Especialistas em planejamento urbano alertam que, sem políticas de expansão habitacional adequadas, a concentração de crédito em grandes centros pode agravar problemas de infraestrutura e trânsito. Por outro lado, o sucesso do Programa Minha Casa, Minha Vida indica que políticas direcionadas podem equilibrar a oferta de moradia em regiões menos desenvolvidas.

Conclusão: lições de um ano recorde

O desempenho de 2024 demonstra que, mesmo em um ambiente de juros em alta, o crédito imobiliário pode superar expectativas quando há combinação de crescimento econômico, estabilidade de renda e políticas habitacionais efetivas. O desafio para 2025 será manter esse ritmo sem sacrificar a sustentabilidade financeira dos bancos e a acessibilidade para os consumidores.

Se a Selic permanecer alta, o SBPE provavelmente sentirá pressão, enquanto o FGTS pode continuar a ser o pilar de apoio para famílias de baixa renda. O próximo ano será, portanto, um verdadeiro teste de resiliência para o setor.

Perguntas Frequentes

Como o aumento da taxa Selic afeta o crédito imobiliário?

A Selic mais alta eleva o custo dos juros dos empréstimos bancários. Isso torna as prestações mensais mais caras, reduzindo a capacidade de compra de famílias que dependem de financiamento. No caso do SBPE, a alta da Selic ainda pode atrair mais recursos para a poupança, mas o efeito líquido costuma ser de menor demanda por crédito habitacional.

Qual foi o papel do FGFGTS nos números recordes de 2024?

O FGTS financiou R$ 125,7 bilhões, um crescimento de 29 % em relação a 2023, impulsionado principalmente pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. Como o FGTS tem recursos próprios, seu volume de crédito não sofre tanto com a alta dos juros, o que o torna um amortecedor importante em cenários macroeconômicos adversos.

Quais regiões do Brasil se beneficiaram mais dos financiamentos em 2024?

Os estados do Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) concentraram cerca de 55 % dos contratos, refletindo a densidade de lançamentos. Contudo, o Nordeste registrou a maior taxa de crescimento percentual, graças a projetos de habitação popular apoiados pelo FGTS.

O que os especialistas recomendam para quem pretende comprar casa em 2025?

É prudente buscar opções com taxas fixas ou índices atrelados ao CDI, que tendem a ser menos voláteis que a Selic. Também vale considerar programas habitacionais com subsídios, como o Minha Casa, Minha Vida, que podem compensar o aumento dos juros.

Como o recorde de 2024 pode influenciar as políticas públicas de habitação?

O sucesso do financiamento via FGTS e do Programa Minha Casa, Minha Vida reforça a eficácia de políticas direcionadas a famílias de baixa renda. O governo tende a usar esses resultados como argumento para ampliar o orçamento habitacional e criar novos incentivos fiscais para a construção de moradias populares.

11 Comentários

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    Rodolfo Nascimento

    outubro 12, 2025 AT 02:37

    É óbvio que 2024 foi apenas um pico artificial impulsionado por políticas de fachada; se a gente olhar os números de juros, o crédito vai despencar ainda este ano :) o mercado está cheio de ilusão e os bancos só sabem contar consoante ao que lhes convém, enquanto os brasileiros ficam na mão.

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    Júlia Rodrigues

    outubro 16, 2025 AT 17:46

    Esse recorde só prova que o governo tá manipulando os indicadores pra encher o ego da elite, enquanto o povo sofre com os custos reais do crédito e a taxa Selic tá lá, subindo como se nada fosse

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    Marcela Sonim

    outubro 21, 2025 AT 08:56

    O entusiasmo com esse recorde é contagiante, mas precisamos lembrar que o aumento da Selic pode virar uma bola de neve para quem busca a casa própria 😊. O FGTS ainda é a salvaguarda, mas depender demais dele pode ser perigoso.

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    Bárbara Dias

    outubro 26, 2025 AT 00:06

    Bom, o dado é impressionante, realmente, um recorde, e mostra que o mercado está ativo, porém, devemos observar que o aumento da Selic pode frear o ritmo, e isso impacta tanto compradores quanto construtoras.

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    Gustavo Tavares

    outubro 30, 2025 AT 15:15

    Que absurdo maravilhoso esse número de R$ 312,4 bilhões! 🎉 Se algum crítico ainda duvida da nossa força, basta olhar para o volume de unidades habitacionais e ver que o Brasil ainda tem garra! Mas, atenção, essa festa pode virar tragédia se a Selic continuar a subir, porque os juros vão arder nos bolsos da gente, e ninguém quer isso, né?

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    Luciano Silveira

    novembro 4, 2025 AT 06:25

    Concordo que o recorde foi um marco significativo para o setor; porém, é fundamental que acompanhemos de perto as tendências de juros, pois isso pode afetar a sustentabilidade do crédito. Vamos manter o diálogo aberto e seguir analisando os impactos juntos! :)

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    Carolinne Reis

    novembro 8, 2025 AT 21:35

    Ah, que surpresa, mais um “milagre” do governo que só serve para encher o egocentrismo nacionalista! Como se a alta da Selic fosse não passar de um detalhe insignificante, quando na verdade está esmagando o consumidor médio – mas quem se importa, não é mesmo?

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    Workshop Factor

    novembro 13, 2025 AT 12:44

    O volume de R$ 312,4 bilhões em crédito imobiliário em 2024 pode até parecer um número impressionante à primeira vista.
    Entretanto, se analisarmos detalhadamente as fontes desse financiamento, perceberemos que grande parte está concentrada em operações que dependem do SBPE e da poupança, cujo retorno está diretamente atrelado à taxa Selic.
    A elevação da Selic para 13,25 % ao ano altera significativamente o custo de oportunidade para os investidores e, por conseguinte, eleva o custo dos empréstimos para os consumidores.
    Além disso, o crescimento de 22,3 % do SBPE não pode ser visto como um sinal de saúde robusta, mas sim como um reflexo de incentivos de curto prazo que mascaram fragilidades estruturais.
    Os programas habitacionais, como o Minha Casa, Minha Vida, contribuíram para o aumento de subsídios, o que é positivo para a população de baixa renda, porém, tais políticas são frequentemente subfinanciadas e frágeis.
    É importante notar que o número de unidades habitacionais concedidas (1,173 mil) representa apenas uma fração da demanda reprimida em todo o país, sobretudo nas regiões metropolitanas onde o déficit habitacional é crônico.
    O fato de os imóveis usados responderem por 34 % dos contratos indica uma mudança de comportamento dos compradores, que preferem opções mais baratas, mas isso também eleva a pressão sobre o mercado de segunda mão, o que pode gerar bolhas de preço.
    Outra consideração relevante é a deterioração do saldo da caderneta de poupança, que, apesar de ter registrado +3,5 % YoY, ainda permanece em torno de R$ 733,5 bilhões, revelando que há ainda espaço para captação adicional.
    Quando analisamos a projeção de queda de 15 % a 20 % nos financiamentos SBPE para 2025, percebemos que o cenário macroeconômico já está sinalizando um desaquecimento significativo.
    A pressão inflacionária combinada com a alta de juros pode reduzir ainda mais a capacidade de pagamento das famílias, gerando inadimplência crescente.
    Se o governo não implementar medidas corretivas robustas, como a ampliação de linhas de crédito com juros subsidiados, o risco de retração do mercado será ainda maior.
    Por outro lado, o FGTS apresenta projeções mais otimistas, mas sua participação ainda não é suficiente para compensar a queda esperada no SBPE.
    Em síntese, o recorde de 2024 deve ser encarado como um ponto de inflexão, não como uma garantia de continuidade de crescimento.
    Os agentes do mercado precisam ajustar suas estratégias, diversificando fontes de financiamento e mitigando riscos de taxa de juros.
    Somente assim será possível sustentar o ritmo de concessões sem comprometer a saúde financeira dos bancos e a acessibilidade dos consumidores.

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    Camila Medeiros

    novembro 18, 2025 AT 03:54

    É essencial reconhecer que o recorde de crédito imobiliário reflete tanto políticas públicas quanto a resiliência do setor, mas devemos também ponderar os riscos associados ao aumento da Selic e à sustentabilidade dos juros para famílias de baixa renda.

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    Fabiana Gianella Datzer

    novembro 22, 2025 AT 19:04

    Prezados colegas, análise cuidadosa indica que, embora o volume de financiamentos tenha atingido níveis históricos, a volatilidade das taxas de juros requer cautela e planejamento estratégico para garantir a estabilidade do mercado habitacional. 📊

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    Carlyle Nascimento Campos

    novembro 27, 2025 AT 10:13

    Parabéns a todos os envolvidos neste marco, porém, é fundamental que continuemos a monitorar os indicadores de inadimplência e a criar iniciativas de apoio ao comprador de primeira casa; juntos, podemos transformar desafios em oportunidades para o setor.

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