Eurovisão 2025: Banda NAPA da Madeira conquista Portugal e chega à final com 'Deslocado'

NAPA leva a Madeira ao palco europeu
É raro uma banda emergente se tornar símbolo de uma região, mas foi isso que aconteceu com a Eurovisão 2025. A vitória da NAPA, grupo indie nascido em um porão na Madeira há pouco mais de uma década, fez a ilha vibrar junto ao restante do país ao garantir presença na final do maior concurso de música da Europa com a faixa ‘Deslocado’.
No Festival da Canção deste ano, realizado em Lisboa no dia 8 de março, a disputa estava acirrada: 11 finalistas, todos trazendo sonoridades modernas, letras afiadas e produções de peso. A diferença, no fim, ficou por conta da conexão genuína da NAPA com origens e identidade, tão visível na canção vencedora. O grupo formado por João Guilherme Gomes (voz), João Lourenço Gomes (piano), Francisco Sousa (guitarra), Diogo Góis (baixo) e João Rodrigues (bateria), conseguiu traduzir vivências insulares e sentimentos de deslocamento numa letra intensa, criada junto ao compositor André Santos.
A dinâmica do festival manteve a tradição de equilibrar poder: metade dos pontos ficou por conta do televoto popular e metade das escolhas foi das bancadas regionais do júri. O resultado refletiu a força do engajamento dos fãs, especialmente na Madeira, onde a vitória foi celebrada como um marco coletivo. Famílias, escolas e até estabelecimentos comerciais decoraram os espaços para torcer pela banda, numa empolgação difícil de ver para representantes do arquipélago.
Raízes, inovação e o desafio europeu
O histórico do grupo não tem luxo nem rótulos. Desde 2013, NAPA fez barulho em festas de garagem, festivais regionais e pequenas casas de show. Aos poucos, criaram uma assinatura: letras que abordam a busca por identidade, mexendo com quem também já se sentiu um “deslocado” – especialmente quem vem de ilhas ou periferias.
‘Deslocado’ não foge do padrão indie, mas adiciona camadas autênticas: referências culturais madeirenses, paisagens sonoras evocativas e uma criação coletiva que se nota na energia da performance. O palco da final do Festival da Canção recebeu nomes de peso como a representante de 2024, Iolanda, e ainda homenagens ao fenômeno suíço Nemo. Mesmo assim, a noite foi dos jovens da NAPA, guiados pelos apresentadores Filomena Cautela e Vasco Palmeirim.
Agora, a próxima parada é a semifinal da Eurovisão em Basileia, Suíça, no dia 13 de maio. Com a tarefa de repetir o histórico triunfo de Salvador Sobral em 2017, a NAPA investe em ensaios, adaptações de cenário e divulgação para conquistar públicos além Portugal. A vitória já provocou um “efeito NAPA” em festivais locais, inspirando artistas a assumirem asas próprias e reforçar suas origens. O caminho até Basileia está só começando, mas a energia da Madeira vai longe, prometendo emocionar a Europa com autenticidade e representatividade.