Neymar desmente apelo de desculpas e acusa jornalista de mentira em crise no Santos

Na tarde de quarta-feira, 12 de novembro de 2025, Neymar Santos da Silva Júnior desmontou em poucas palavras uma narrativa que parecia apontar para uma reconciliação dentro do Santos Futebol Clube. Em um post no Instagram, o atacante de 33 anos soltou uma frase em espanhol que ecoou como um soco no estômago da imprensa: "Otra mentira inventada por un periodista de mierda". A acusação? Que ele teria ligado para o técnico Juan Pablo Vojvoda para pedir desculpas por seu comportamento explosivo durante a derrota por 3 a 2 para o Clube de Regatas do Flamengo no Maracanã, no domingo anterior. A história, publicada pelo Globo Esporte, tinha tudo para ser um alívio — um ídolo se retratando, amadurecendo. Mas Neymar não quis saber disso. Ele chamou de mentira. E não foi suave.

Um gesto que virou tempestade

Tudo começou no domingo, 10 de novembro, quando Neymar foi substituído aos 78 minutos da partida contra o Flamengo. A torcida do Santos gritava por mais, mas ele não reagiu como esperavam. Ficou parado, com as mãos na cintura, olhando para o técnico. Depois, ao sair, não cumprimentou ninguém. Ninguém. Nem o substituto. Nem o quarto árbitro. A cena foi repetida em câmeras lentas por minutos. O árbitro Sávio Pereira Sampaio, alvo das críticas de Neymar em entrevistas anteriores, foi o ponto de fuga: ele teria errado uma pênalti clara e ignorado uma entrada violenta no meia Lucas Braga. Mas o que se viu depois foi muito mais que frustração com a arbitragem. Foi um rompimento visível com a hierarquia do clube.

A versão da imprensa e a versão de Neymar

O Globo Esporte afirmou que, horas após o jogo, Neymar ligou para Vojvoda, admitindo que "exagerou" e que a reação foi fruto da ansiedade com o árbitro. Mas fontes próximas ao departamento de comunicação do Santos dizem que a ligação, se aconteceu, foi curta — e sem pedidos de desculpas. Segundo o AS.com, Neymar teria dito apenas: "Vou ajudar da melhor forma possível nos jogos que restam." Nada mais. Nenhuma palavra de arrependimento. Nenhum gesto de reconhecimento. E isso, para a diretoria e alguns jogadores, foi pior do que a explosão.

Enquanto isso, o Santos Futebol Clube vive um clima de tensão sem precedentes. Treinadores, jogadores e funcionários relatam, em conversas reservadas, que Neymar tem se mostrado "desrespeitoso" em treinos, criticando publicamente a qualidade do elenco e o estilo de jogo. Alguns chegaram a dizer que ele "trata o clube como um estágio". O técnico Vojvoda, argentino de 49 anos, foi nomeado em junho de 2024 e ainda não conseguiu impor sua autoridade. A pressão aumenta: o time está em 14º lugar na tabela do Brasileirão, com 38 pontos, apenas seis acima da zona de rebaixamento. Oito jogos restam. O time precisa vencer quase todos para se manter na elite.

Um retorno que virou pesadelo

Neymar voltou ao Santos em agosto de 2023, depois de oito anos na Europa — Barcelona, Paris Saint-Germain, e uma breve passagem pelo Al-Hilal. Foi um momento histórico. O garoto que saiu da Vila Belmiro aos 11 anos, em 2003, voltava como astro mundial. A torcida chorou. Os jornais falaram em redenção. Mas a realidade é outra. Ele jogou apenas 25 partidas oficiais desde sua volta, marcando seis gols e dando três assistências. Problemas musculares recorrentes o mantiveram fora por mais de 120 dias. Mas o que mais pesa não é a lesão. É a percepção de que ele não se sente mais parte do time. Que o clube é um palco, não uma família.

Em conversas com jornalistas, jogadores como Gabriel Menino e Lucas Braga já disseram, off the record, que "não se sentem mais protegidos" por Neymar. "Ele não entra no jogo para ajudar o time. Ele entra para salvar a própria imagem", disse um jogador da base. Essa percepção é o que mais assusta a diretoria. Porque quando o líder não lidera, o time desmorona.

O que vem a seguir

O presidente do Santos, André Zanotta, já está em contato com assessores jurídicos e de comunicação. Fontes internas indicam que uma reunião de emergência com a diretoria e o departamento de futebol está marcada para sexta-feira, 14 de novembro. A expectativa é que o clube emita um comunicado oficial — mas não se sabe se será para apoiar Neymar, para pressioná-lo ou para pedir sua saída. A próxima partida, contra o Atlético Mineiro, no Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro), em 16 de novembro, será um teste de fogo. Se Neymar entrar em campo, será com o público contra ele? Ou será o último jogo dele no clube?

Reações na rede: entre o ceticismo e o humor

A postagem de Neymar viralizou em minutos. O perfil @DonaLuciaHexa, com 800 mil seguidores, respondeu com um tweet que se tornou meme: "Isto aqui é INACREDITÁVEL! O Neymar desmentiu algo bom que supostamente ele tinha feito kkkkkk". Outros torcedores criaram memes com a frase em espanhol sobrepostas a fotos de Neymar no banco, com legendas como "A verdade é que ele não quer desculpas. Quer paz."

Na Argentina, Vojvoda não se pronunciou. Mas seus ex-colegas de treinadores em clubes como Racing e Lanús dizem que ele "não é o tipo de cara que se deixa humilhar". E isso, para muitos, é o maior risco: um técnico que já está sob pressão, agora com um jogador que o desafia publicamente. O clube corre o risco de se tornar um reality show.