Vale Tudo: César herda império de Odete Roitman e o mistério da morte

O drama da herança e seus desdobramentos
Nas cenas finais de Vale Tudo, o roteiro complica a vida de César (interpretado por Cauã Reymond) ao colocá-lo na linha de sucessão da fortuna de Odete Roitman. A vilã, vivida por Débora Bloch, controla o Grupo Almeida Roitman, dono da gigantesca companhia aérea TCA que herdou do falecido marido. Um casamento relâmpago entre César e Odete, organizado pela fiel Celina (Malu Galli), serve de trampolim para que o protagonista passe a ser o beneficiário de metade desse império, desde que a esposa ainda esteja viva.
Esse enlace acontece em meio a uma guerra aberta com Marco Aurélio (Alexandre Nero), que também tem olhos postos no patrimônio da matriarca. No capítulo 150, Odete é alvejada enquanto dirige seu carro, um atentado que deixa a narrativa em alta tensão. O mistério sobre quem puxou o gatilho é alimentado ao longo das últimas semanas, com suspeitas recaindo sobre César, Marco Aurélio e até sobre personagens secundárias.
Enquanto isso, personagens como Maria de Fátima e Ana Clara aumentam a pressão ao concorrerem por partes do espólio. Elas enxergam na morte de Odete a oportunidade de assumir o controle das empresas familiares. A trama se aprofunda ainda mais quando surge Leonardo, que se acreditava morto, mas que na verdade possui direito a um terço da fortuna. Seu retorno coloca um elemento de chantagem: quem quiser garantir a parte de Odete pode usar a suposta sobrevivência de Leonardo como moeda de troca.
Do ponto de vista jurídico, o roteiro traz à tona a figura da "exclusão por indignidade" prevista no Código Civil brasileiro. Caso o herdeiro seja responsável, direta ou indiretamente, por crime contra o falecido, ele pode ser privado da herança. Essa nuance legal confere à trama uma camada de realismo que vai além do simples melodrama, mostrando como questões de direito sucessório podem influenciar as decisões dos personagens.

Os bastidores que alimentam o suspense
A produção da TV Globo tem adotado medidas pouco usuais para proteger o segredo do final. Equipes de gravação são divididas, e alguns profissionais recebem apenas trechos do roteiro, sem ter acesso ao script completo. São feitas filmagens simultâneas de diferentes versões do desfecho, garantindo que vazamentos não revelem quem realmente é o assassino de Odete.
Na versão original de 1988, a culpa recaía sobre Leila, esposa de Marco Aurélio. Nesta releitura, os criadores decidiram criar um caminho inesperado, mantendo o público em dúvida entre César e Marco Aurélio, mas reservando uma terceira possibilidade que pode surpreender até os fãs mais atentos. Os roteiristas ainda não confirmaram se o culpado será um personagem recém‑introduzido ou alguém que já estava na trama desde o início.
O uso de múltiplas filmagens também impacta a logística de produção: cenários são montados duas vezes, atores precisam mudar de figurino rapidamente e a edição final requer um trabalho de montagem complexo. Essa estratégia, embora custosa, tem como objetivo prolongar a febre nas redes sociais, onde teorias sobre o assassinato de Odete circulam a todo momento.
Por fim, o clima de incerteza se estende ao público, que acompanha cada detalhe em tempo real. As especulações sobre a herança, a legalidade da exclusão de herdeiros por indignidade e a identidade do assassino criam um caldo de ansiedade que garante bons índices de audiência nos últimos episódios da novela.